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setembro 29, 2010

Medo


Eu olho pela janela e penso sobre o desenvolvimento, sobre o quanto as coisas consideradas poluentes ao meio ambiente se procriaram. É estranho pensar em como ele foi criado e como nós, seres "humanos”, estamos deixando. É então eu sinto medo.
Porém. Antes eu tinha medo de crescer, mas isso não me apavora mais,afinal cresci,mesmo não desejando. Hoje, meus medos são mais complexos, mais enlouquecedores, e eu tenho que enfrentá-los, querendo ou não. Eu tenho medo do improvável, do inesperado que muitos gostam. Medo das crianças que hoje são saudáveis e que no futuro podem ser destruídas pela própria ação dos pais no passo. Medo de virar gente antes que eu tenha tempo pra querer isso. Medo de morrer sem aproveitar e fazer o que me foi colocado. Medo de me arrepender. Medo de ter filhos e não saber como, ao certo, dar amor, atenção, carinho. Medo de não vê-los crescer por insuficiência materna. Medo de perder o amor incondicional e fonte de minha vida, ou seja, meus pais. Medo de que um dia eu acorde e me dê conta de que minha vida se foi, junto com a velhice e morte dos meus amores. Medo de perder algo que nunca tive. Medo de ter algo que nunca desejei. Medo de desejar o errado, cometer o pecado. Medo de não saber perdoar. Medo das diversas chances que a vida nos dá tenha passado. Medo de não tê-las mais. Medo de, mesmo depois de todas as perdas, ainda perder minha fonte de risos diários. Medo de tudo tentar abrir meus olhos e eu forçá-los para continuarem fechados. Medo de envelhecer sozinha, ou talvez com alguém, mas ir e deixá-la aqui, sofrendo e desejando todos os dias ir ao meu encontro. Medo de não ser tão boa a alguém que mereça. Medo de errar, mas também da perfeição. Medo de fazer com que uma vida seja toda em vão. Medo da decepção ou de decepcionar alguém. Medo do tudo, do nada, no inexistente, do irreconhecível, do inesperado. Medo do próprio medo.

Amanda Ferreira

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