Depois de algum tempo, eu descobri o lado bom da vida bebendo. Sai com os meus amigos e resolvi exagerar. É, nem eu imaginava, afinal eu sempre fui considerada a certinha e o tipo de pessoa que nunca pensa em coisas boas atraves de travessuras.
Eu parei de pensar nas coisas que eu achava que me faziam bem, dos problemas, dos estudos, da minha vida. Meus amigos perguntavam se eu havia enlouquecido e eu só dizia "estou curtindo minha vida, não é isso que voces dizem pra eu fazer?"
Cai na rua, passei vergonha. Tive que ser levada pra casa por pessoas desconhecidas. Minha mae surtou, disse que eu nao podia fazer isso com ela, que eu era o exemplo e estava chegando bebada. Eu só ria. Tomei banho, deitei na cama, levantei correndo. Vomito. Prazer, ressaca.
Enquanto eu vomitava tudo, começei a me lembrar porque eu havia cometido tamanha estupidez. Henri. Ele havia prometido amor por mim e no final era tudo mentira. Eu larguei de ser a estudiosa para ser a tola apaixonada. No final eu, como minhas amigas ja adivinhavam, eu acabei sem nada. Tentei beber pra esquecer, e só me fez ficar pior.
Ficar tão ruim que descobri estar doente. Mesmo antes nunca ter colocado uma gota de alcool na boca, eu não podia beber. Alcool tampava minhas vias respiratorias e me fazia morrer em dose exagerada. Eu não sabia.
Enquanto vomitava, percebi que faltava respiração. Tentei gritar, mas nao consegui. Me lembro de ter desmaiado e minutos depois, ver meu corpo caido no chao do banheiro sem reação. Lembro da preocupação da minha mae me vendo sem respirar. Ela gritava, sem ao menos conseguir pedir ajuda.
Eu morri ali, nos braços de quem realmente me amava. Enquanto eu morria de amores por alguem que era só ilusão, eu estava bem e não percebi a doença.
Os médicos contaram a minha mae que eu estava doente e que teria de me cuidar. Depois de assimilar tudo entendi o que ela sempre me dizia. "Seja estudiosa, não abuse em coisas proibidas. Não é certo e não lhe faz bem."
Voce chorava como criança no meu enterro. E pedia pra que alguem me tirasse dali. Eu via sua dor, só não acreditava. Porque quando você viu a minha dor ao te perder, você não acreditou.
E eu não voltei, porque quando você teve a chance de me ver voltando, falhou. Na vida só existe uma chance, faça valer a pena.
Fui, e você ficou, só com as lembranças, pensamentos e sonhos pertubadores da noite em que me deixou para que eu pudesse tentar morrer. Sim, eu consegui. Você conseguiu, parabéns.
Amanda Ferreira