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agosto 28, 2010

A Hora Certa


  Parecia mentira. Meus olhos custaram a acreditar no que estavam vendo. Era algo tão impossível e estava acontecendo. Você havia pego minhas mãos de um jeito diferente. No começo eu não tinha entendido sua expressão preocupada, mas sabia que com o movimento dos seus lábios eu entenderia.
  Você estava nervoso. Seus lábios tremiam e não conseguiam terminar palavras que pareciam tão fáceis antes de ouvir de você. Implorei para que respirasse e começasse novamente.
  "Está tão difícil continuar fingindo que existe alguma coisa. Estamos nos destruindo. Tudo é tão difícil agora que você está distante mentalmente. Ter parte do seu mundo não basta há muito tempo. Acabou, Jordin, acabou."
Peter estava perdido, eu sabia disso. Não sabia o que estava dizendo, pobre coitado. Estava descontando seu momento de dor em mim. Ou não. Talvez ele estava certo. O fim seria inevitável se continuássemos como estávamos. Mesmo negando, havia infelicidade demais. Nem todos os momentos de felicidade que passamos amenizava nosso cansaço um do outro. Podia ter provocações, tentativas de ciúmes não nos atingiam mais. Assim como a vida, o nosso amor acabara. Assim como a água em um copo, o nosso relacionamento chegando ao fim era a última gota. A gota que, por mais que não existisse mais "nada", era a mais dolorida. Mesmo não existindo mais nada, era melhor que o vazio.
Me levantei e decidi respirar, porque após uma notícia como essa, ficar ao teu lado não estava ajudando. Havia acontecido! Naquele momento minha opinião não valia de nada. Por mais que machucasse, eu concordava com Peter. E ainda acrescento que acredito que desde o começo foi ilusão. Uma perca de tempo desnecessária.
  Te deixei ali, naquela praça, sozinho pensando no que acabara de fazer. Minha cama me chamava e eu precisava dela também.
Deitei para pensar e acabei dormindo. Há muito tempo não tinha bons sonhos, mas naquela tarde movimentada eu tive. Tudo era tranquilo, eu caminhava com uma paz muito diferente pra mim.
  Seus olhos não me perturbavam mais. Peter havia me ajudado trazendo a verdade. Eu o amava, mas longe, sem brigas. Seguir não seria fácil, mas pensar que poderia ser o início de uma nova fase ajudava. O começo em um fim. A gota final de um copo tornou-se a esperança de que exista um copo infinito. Para Peter. Para mim.

Amanda Ferreira

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