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agosto 29, 2010

Final

  Eram tempos difíceis, a guerra já tinha destruído metade da cidade, e restavam poucos de nós, soldados. Havia cheiro de ódio e vingança no ar... E muitos de nós já tinham perdido a esperança, estavam loucos para voltar para casa, para a família...
  Eu tinha só um objetivo nessa pouca vida que me restava, terminar de escrever a carta que demorara tanto para acabar, por causa das missões. Queria acaba-la e manda-la para ela, a mulher mais perfeita e linda que já conheci. Passava noites em claro tentando escrever um final para ela, e só o que consegui eram algumas linhas... 
  "Bom dia minha velha amiga, espero que ainda se lembre de mim, das alegrias que tivemos, das tristezas que choramos e das brincadeiras que fazem tanta falta... Não sei se ainda estarei vivo quando ler esta carta. A guerra está piorando cada vez mais e já estou perdendo as esperanças de um dia voltar para casa... Não quero te deixar preocupada com tudo isso, desculpe-me, mas queria explicar a razão de escrever essa carta, a qual é te dizer o quanto antes tudo que um dia já devia ter dito, lembra-la das promessas que fizemos e pedir desculpas por te dizer tudo isso a beira da morte.
  Quero dizer que você sempre foi o que eu sempre sonhei, o meu grande amor. E que nunca esqueci, nunca, dos momentos mais preciosos que passei ao teu lado... E lembrar da promessa que ainda incendeia meu peito: não te esquecer. 
  Deve ser por ela que ainda continuo vivo, e ela só vai passar quando eu morrer, e quando isso acontecer, te peço, leve-a contigo... Eu não..." 
  Não sabia como iria terminar a carta, isso já fazia duas ou três semanas... 
  Não cheguei a termina-la, sofri um acidente dois dias depois disso e parei no hospital, não sabia se iria sobreviver, mas queria que ela lesse a carta. Pedi a um amigo intimo para que a entregasse a qualquer custo, ele prometeu-me. 
  Até hoje me arrependo de não ter terminado aquela carta, a qual nunca recebi resposta.


Marcus James

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